27 de novembro de 2010

Ódio...


Tive um mau sonho.
Mau.
Demasiado.
Não tenho de contar. Para que?
Só direi que nele estava junto nela,
mas isso não le agradava.
Ao invés, molestava-le muito.
Rehuía olhar-me, evitava-me.
E quando conseguia ao fim que o fizesse, que me olhasse,
seus olhos, esses que amoo,
olhavam-me com rancor, com ódio...
E ainda que esse sonho passou
-se o levou o sol ao sair pela manhã-,
e a recordação de seus detalhes se perde já entre os afazeres diários,
o que não consigo que passe,
o que não posso esquecer,
é o ódio em sua mirada...

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5 de novembro de 2010

Uma não pode...

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Te sonhei,
desejei-te,
procurei-te,
segui-te,
escutei-te,
estive contigo,
fiz tantas coisas...

Só uma não pode fazer:
reter-te comigo...


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22 de outubro de 2010

Nada é o que parece.
A calma exterior.
A vazia mirada.
O médio sorriso que pendura de seus lábios.
As palavras ditas suavemente.
Nada é o que parece,
e não refletem os olhos
as negras e escuras nuvens de tormenta
que se reúnem,
que se acumulam,
em seu interior....

Nada é o que parece, não...

20 de outubro de 2010

Bambu

Tento
 ser
 como 
o
bambu,
que
ainda
ante 
a
mais
forte
de
as
tormentas,
ante
o
pior
de
os 
ventos.

se
dobra,
se
dobra
até
chegar
ao
solo,
mas
não
se
quebra
...
 Tento
 ser
 ... 


17 de outubro de 2010


Solidão.
Doce, amarga, agridoce solidão...
Por que, se tanto gosto de tí,
não me basta contigo?
Por que sempre,
sempre,
procuro algo mais?


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10 de outubro de 2010

Medo...

Tenho medo.
Admito-o, tenho medo.
Um medo solapado e triste se apoderou de mim.
Não chegou de frente,
a cara descoberta,
de maneira que pudesse vê-lo e enfrentá-lo.

Não, pelo contrário,
chegou como ladrão na noite,
em silêncio,
na punta dos pés,
e se ocultou em algum canto.

Só agora advirto que está aí,
agora que cresceu e que tomou por assalto meu coração.
Agora que não posso fazer nada para sacá-lo daí.

Tenho medo.
E me sento só.
Como um menino que sabe há um monstro sob sua cama,
e não se atreve a baixar os pés,
e não se atreve a sair de baixo dos lençóis.

Tenho medo.

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6 de outubro de 2010

Para que?

                                       
                        Por que,
                        Para que fiz este blog?
                        Não tenho, talvez,
                        demasiados lugares onde escrever?

                        Sim, tenho-os,
                        e no entanto,
                        nem posso dizer neles o que sento,
                        nem terá ninguém que ao lê-lo
                        senta o que eu...
                        Mas não tenho de escrever aqui,
                        também não,
                        sobre isso.
                        São coisas só dignas de escrever-se
                        com o próprio sangue,
                        no próprio coração...

                        Para que este blog então?
                        Para nada,
                        crio,
                        penso.
                        Para nada.
                        E só o fruto de um estranho impulso,
                        um movimento involuntário da mão
                        de alguém que crê
                        que já nada mais pode perder...
                     
                        ...só o tempo...








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