Tenho medo.
Admito-o, tenho medo.
Um medo solapado e triste se apoderou de mim.
Não chegou de frente,
a cara descoberta,
de maneira que pudesse vê-lo e enfrentá-lo.
Não, pelo contrário,
chegou como ladrão na noite,
em silêncio,
na punta dos pés,
e se ocultou em algum canto.
Só agora advirto que está aí,
agora que cresceu e que tomou por assalto meu coração.
Agora que não posso fazer nada para sacá-lo daí.
Tenho medo.
E me sento só.
Como um menino que sabe há um monstro sob sua cama,
e não se atreve a baixar os pés,
e não se atreve a sair de baixo dos lençóis.
Tenho medo.
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